A dependência química tornou-se um grave problema de saúde pública, com sérias consequências para o futuro de pessoas de todas as idades em todo o mundo, principalmente de jovens. Existe uma porcentagem significativa de adolescentes abusando ilegalmente de drogas, tabaco e álcool, mesmo dentro das escolas.
Embora a maconha seja a droga mais frequentemente usada, o aumento das taxas de heroína, cocaína, alucinógenos e crack são de particular preocupação devido à natureza mortal destas substâncias, além de milhões de adolescentes fumarem e beberem regularmente, fatores de risco para uso de drogas.
O problema é que muitas vezes o uso de drogas ou álcool pode estar relacionado à incidência de doenças psiquiátricas. Assim, diante de um paciente com uso de drogas, seja dependência ou uso abusivo, deve-se sempre investigar a existência de outra doença psíquica, seja como causa ou consequência.
Trabalhos científicos têm mostrado a associação de doença mental com uso abusivo de substâncias. Observações inversas também ocorrem, pois em clínicas especializadas no atendimento ao dependente químico a associação com transtornos mentais também é maior em relação à população geral.
Na esquizofrenia e no transtorno bipolar, em quase metade dos pacientes aparece a associação com abuso ou dependência de substâncias psicoativas.
Mas, quem nasceu primeiro? O uso de drogas pode desencadear quadros psiquiátricos ou quadros psiquiátricos desencadeiam o uso de drogas?
Um dos modelos científicos que tenta explicar esta associação entre o uso de substâncias psicoativas e os distúrbios psíquicos seria uma pré-disposição para a doença mental. Neste caso a droga apenas desencadearia e agravaria os sintomas mentais adormecidos.
O segundo modelo mostra que essa associação se dá em função do indivíduo que apresenta algum distúrbio psíquico e busca na droga um alívio ou espécie de “automedicação”. Ela aliviaria os sintomas de sua ansiedade, depressão, angústia, medo e outros sintomas desta ordem.
Uma explicação mais simples é que as substâncias psicoativas atuam justamente na neuro-transmissão do cérebro. Todos os nossos trabalhos mentais – pensamentos, sentimentos, ideias, comportamentos – são devido à presença de substâncias no cérebro que são chamados de neurotransmissores (como serotonina, adrenalina, noradrenalina, dopamina entre outros).
O aumento destas substâncias no cérebro pode produzir aceleração, euforia e insônia, e a diminuição delas causa letargia, fadiga e depressão. As drogas agem justamente nesse mecanismo, e com os neurotransmissores alterados podemos ir de um estado de euforia até um estado de psicose (ouvir vozes, ter alucinações) ou em polo contrário, de um simples estado de lentificação mental até a depressão profunda.
Predisposição genética
Existem diversos estudos atualmente evidenciando que existe uma predisposição genética ao uso ou de álcool ou de outras drogas. Da mesma forma que nascemos com tendência a apresentarmos diabetes, hipertensão, doenças reumáticas, também apresentamos predisposição genética para uso de drogas.
E isto pode ser facilmente pesquisado estudando-se os ancestrais familiares que tinham alguma relação doentia com álcool ou outras drogas. Portanto quem tem histórico de problema psiquiátrico na família não deve nem pensar em usar essas substâncias.
É querer “cutucar a onça com vara curta” no dizer popular, pois podemos ter tendências a diversas doenças “adormecidas” dentro de nós e, se nos colocarmos em situações estressoras, as tendências “acordam” e se manifestam como doenças.
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